28 janeiro, 2010

Na tua ausência

Acordo todas as manhãs com o pequeno-almoço na cama e um bilhete "Adoro-te.". Conduzo até ao trabalho acompanhada com as minhas músicas preferidas, gravadas num CD, que me foi dado sem razão especial. Uma mensagem com um beijinho cheio de amor enquanto me concentro no meio de tanta papelada, sabe tão bem.. Chego a casa e recebo um abraço apertado como se não nos vissemos desde a semana passada. Passamos o jantar a falar do nosso dia, de situações engraçadas que assistimos no trabalho, do mau-humor do nosso patrão, ou do que a vizinha comentou na ausência do outro. O serão é passado a ver um filme agarrados no sofá, ao calor da lareira. Ainda sem sono, mas porque amanhã é dia de trabalho, vamo-nos deitar e somos como duas crianças debaixo dos lençóis.. gargalhadas, cócegas, mimos e amor até suarmos.. Adormeço nos seus braços com um beijinho na bochecha e "Boa noite, meu amor. És perfeita.".
Ainda assim, em todos aqueles momentos de alegria e tristeza, pareceu-me ver-te sempre ao longe a observar-me, com um sorriso ligeiro nos lábios, como quem está feliz ou torce por mim. Nessas alturas, sinto os meus olhos tristes que procuram a tua foto no fundo da minha carteira. E não resisto em olhar-te e imaginar-me tocar-te, sentindo o desespero de (já) não te ter. E foi porque assim teve de ser, que te foste embora, deixando-me sozinha com um homem que me ama e sabe que não é amado, porque
os meus olhos são dele, mas o meu coração será sempre teu.

21 janeiro, 2010

E a dúvida permanece..

Sinto-me ser levada pela corrente dos meus pensamentos de ti..
Os meus sonhos de tudo aquilo que não pôde ser são (quase) mais fortes do que a minha realidade.
E a dor que sinto em ter-te no meu pensamento, aperta o meu coração, deixando de ter espaço para guardar o que o presente me oferece de mão aberta.
Não te posso ter, e mesmo se te tivesse, não sei se te queria mais do que quero. É a tua ausência, ou será esta dúvida que me mata aos poucos?

Vou ser forte, como toda a gente, só para manter as aparências.
É que o meu coração ainda sente falta do calor do teu abraço quando me envolvia no teu peito.

16 janeiro, 2010

Deste-me valor depois do Adeus


- "Amor, hoje sonhei contigo.."
- "Diz lá.."
- "Oh.. sonhei que estávamos a dançar à noite na minha varanda.. sem música.. só tu e eu.. senti-me tão bem!"
- "Hum, que querida."


- "Pequenino, sonhei novamente connosco!"
- "Sim? Então?"
- "Adormeci ao teu colo e ficaste a observar-me a mexer-me no cabelo e na minha carinha durante tanto tempo! E depois acordei contigo a dar-me beijinhos.. parecia tão real!"
- "A sério? Acho que já devo ter feito isso. Quando me pediste para te mexer no cabelo."


- "Amor, amor, sonhei contigo!!"
- "Outra vez?"
- "Sim.. o que é que tem?"
- "Nada nada. Diz lá como foi desta vez.."
- "Tinhas-me levado a jantar fora e depois na ponte da praia à frente do restaurante tinhas-me pedido em namoro. E eu até te disse que já estávamos a namorar, mas tu disseste que adoravas saber que namoravas comigo. Nem sei como é que não chorei! Mas acordei com uma lágrima no olho, confesso.."
- "Pois.. mas olha, aquilo não é uma ponte.. são passadiços!"
- "Oh sim, mas passas por cima das dunas, não passas? É a mesma coisa, vá.."
- "Não é bem, mas pronto.."



...





...





...





...




- "Amor..?
- "Diz, João."
- "Hoje não sonhaste comigo?"
- "Hum.. não.. penso que não!"
- "E connosco?"
- "João, se eu tivesse sonhado connosco já estarias incluído! Mas não, não sonhei contigo.."
- "Ah.."
- "Ah sim, desculpa!! Que parva, sonhei no outro dia, claro!"
- "Sonhaste? Claro que sonhaste.. sonhas sempre não é?"
- "Pois.."
- "Então e não contas como foi?"
- "Sim, e desta vez foi mesmo real.."
- "AHAH sonhaste que te atirei para a cama e fizemos amor loucamente, não foi? Confessa lá.."
- "Sonhei que me tinha ido embora."
- "O quê? Como assim?"
"Até amanhã, João."



E nunca mais voltou.