Uma rotina. Uma boa rotina. Ainda me lembro de cada bocadinho seu; do latir, do olhar, do barulho das patinhas no chão, toque do seu pêlo, cheiro. Lembro-me de cada momento da nossa rotina. Das idas à rua, à janela a apanhar sol e a sentir o vento na cara, na minha cama a dormir e a rosnar porque não queria ser incomodado. Os beijinhos na barriguinha, na carinha, as brincadeiras pela casa com a manta, a bola. Brincávamos às escondidas. Ele adorava correr e perseguir a cauda. Juntava todos os tapetes a um canto da casa. Queria colo quando estava frio, mas não dava beijinhos. Tirava-lhe fotos, centenas delas. Nunca foi apreciador, mas aguentava-se.
Chamava-se Bobi e era da minha casa. Foi amado a cada minuto, apesar de todo o dinheiro que fez gastar em arranjos à casa. Foi amado mesmo não sabendo dar a pata, beijinhos ou devolver a bola. Era um cão medricas com uma certa independência. Não era um cão amoroso, mas eu não o resistia.
Era um cão que vivia cá em casa e agora é um cão que permanece no meu coração e invade os meus sonhos.